domingo, 8 de julho de 2012

Alimentação - Granívoros


Mistura para Coleiro contendo variedades
 de painço branco, vermelho, verde, preto e alpiste

           A maioria das aves a que temos acesso inserem-se neste grupo, alimentando-se de sementes. São várias as sementes usadas para este fim, das quais algumas espécies preferem umas e rejeitam outras. As principais sementes são a alpiste, milho alvo, milho painço, milho japonês, painço vermelho, semilha (níger), canhâmo, colza, nabo, trigo, aveia, linhaça, girassol e milho. Existem muitas outras, algumas usadas em quantidades mínimas, mas que podem trazer vantagens (ou não) à saúde das nossas aves.
           Os grandes granívoros como araras e papagaios consomem sobretudo girassol, trigo, milho, aveia e outras sementes de grão grande, mas uma arara pode perfeitamente comer também alpiste. As espécies menores preferem os milhos alvos (periquitos) e os estrildídeos africanos chegam a ter dietas com 60% de painços. De um modo muito generalizado podemos dizer que fornecendo uma dieta com grande variedade de sementes tudo se equilibra. Só falta um pormenor que é a constituição dessas sementes e o fato das aves as consumirem ou não.
          É muito difícil apontar esta ou aquela dieta porque nunca se pode igualar o ideal, o melhor que podemos fazer é falar com outros criadores e discutir resultados e experiências, experimentar esta e aquela mistura e manter as que dão bons resultados. Além disso se pudéssemos dar a cada espécie a sua mistura mais facilmente iriamos ao encontro das necessidades especificas de cada uma delas, mas as vezes, quando temos diversas espécies, por vezes em conjunto num mesmo viveiro, não é viável fazer uma mistura para cada uma delas em particular. Mesmo que estejam todas separadas por gaiolas individuais não é prático gerir vários tipos de misturas para cada uma delas. Isso seria possível para 5-6 casais, eventualmente mais alguns, mas entrando em criação em maior quantidade, o número de casais normalmente mantido (50-100/+) não permite que quando se tem várias espécies se usem misturas distintas. Apenas quando se trabalha por lotes bem diferenciados e com uma boa organização do efetivo isso é possível (mas, novamente, não é fácil).

          Conforme o comportamento das aves temos de ser nós mesmos observadores de suas preferências alimentares e o seu estado corporal. Isto dependerá do seu alojamento, atividade, porte, entre outros. Uma ave numa gaiola com mais de 2,00m com vários metros de vôo pode ter uma dieta mais rica em sementes gordurosas que uma ave numa gaiola de 50cm, porque pode fazer mais exercício. Por outro lado se estamos a dar um tipo de semente que sistematicamente vemos não é aproveitada e acaba ficando no chão ou no fundo do comedouro devemos reduzi-la. O fato de que em gaiolas maiores podermos usar sementes mais "ricas" e mais apetecíveis não quer dizer que o devamos fazer sem controle. 
         Há algum tempo em conversa com um criador conhecido ele me disse apenas dar 5 sementes bases a todas as aves: alpiste, painço, painço vermelho, milho alvo branco e milho japonês e semanalmente uma ração de sementes pretas (colza, níger e linhaça). Outros preferem fornecer 20 tipos de sementes e deixar as aves escolher. Só por curiosidade algumas misturas comerciais para fringilídeos europeus chegam a ter 27-30 sementes diferentes, algumas das quais muito pouco usadas. Acho que não é preciso tanto, se de um conjunto de cerca de 15-20 sementes podemos escolher as que as aves melhor aceitam. Não devemos nunca, como infelizmente ainda se vê em algumas lojas de animais e até em exposições, manter aves com uma única semente. Caso se opte por isso ou não disponhamos de tempo para fazer as nossas misturas, existem no mercado algumas misturas já prontas para todos os tipos de aves como periquitos, canários, exóticos, psitacídeos e passeriformes, que fornecem bons resultados. Eu uso algumas delas com bons resultados para determinadas aves, alterando-as por vezes de acordo com minhas experiências e preferências. Estas misturas são por vezes feitas por empresas especializadas no ramo e fruto de alguma investigação e contatos com criadores e conhecedores. Além das misturas que já indiquei dou às minhas aves outros tipos de sementes, embora não entrem na mistura base. Em especial durante os períodos de esforço (reprodução, torneios e muda) dou sementes mais ricas como o canhâmo, cártamo, linhaça, colza que são sobretudo uma guloseima. Durante a criação os mais exigentes recebem também sementes selvagens verdes, semente de relva e sementes imaturas de gramíneas diversas.

         Para além de termos a obrigação de dar às nossas aves as melhores condições possíveis, concordo com os que acham perfeitamente um absurdo que algumas pessoas invistam pesado em suas aves, para depois poupar R$ 0,05 num Kg de comida. Além do cuidado na escolha da mistura a usar devemos ter especial cuidado na qualidade das sementes, em particular quanto à sua limpeza (pó e impurezas), umidade e condições de ensacamento. Se escolhemos para nós os melhores alimentos devemos fazer o mesmo para as nossas aves.


Misturas ensacadas de forma individual, específicas pada cada ave.


     

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